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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Simplesmente...

"...permanece-se."


quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Tenazes loquazes

Hoje sinto-me desprovido de pele. Não acuso a protecção quase maternal da epiderme, porque algo diferente me rodeia, me cobre, me enleia como um novelo de lã ou linho. Apertado, apertado. Apenas sei que isto não é a minha pele, não pode ser. Deixei-a caída algures num lugar onde não precise dela, porque será onde a irei buscar quando me deixares. Irei por ela e pelas marcas das jornadas que traz e que dantes me orgulhava, quando eram a única coisa digna de amor. Volto sempre aos braços delas. Sinto-me um pobre extremamente agradado com a sua riqueza, porque sinto e sei que as montanhas e os vales não dependem de mim para se comprometerem com a eternidade. Antes dependessem, seria sinal de que o carrossel seria mesmo permanente, e de que aquele momento não teria tido a brevidade dum fôlego que se esvai. Mas olho e não vejo o que vejo. Não há nada mais inquietante do que o fino e indiscreto labor da falsa crença. E nada pior do que perder o sentido dos sentidos. E uma certeza deixo. Os que realmente partem nunca o anunciam. Simplesmente partem. Só assim faz sentido o vazio que tem de ficar deixado em alguém, para ser sentido como merece, nas entranhas por cumprir do coração. Apertado, apertado. Como deve ser, quando se apercebe que é tarde.

domingo, 4 de novembro de 2007

Crisálida Pálida

E eis que tudo faz sentido. Senti o cheiro da primeira chuva ao molhar a terra virgem dos teus passos, e percebi que há beleza em tudo que seja breve. Um segundo basta para a luz varrer a escuridão. Eu sei porque vi em mim algo maior do que eu, algo que seduz a sedução de sermos sedutores e tenta a tentação de sermos tentadores. Eu sei porque aprendi que é no fim que vamos querer estar e dizer presente. Para vermos o epílogo das vidas que marcamos. Para ver em que mar foi desaguar o leito em que nos deitamos ontem, ou há muitos anos. Nunca amanhã, porque isso fica para quem vier depois. Sejamos eternos então. As águas são saudáveis, e a dívida de colo que teremos de pagar será sempre o nosso motivo mais querido. Porque as altas árvores nunca conseguirão tapar a imensidão dos céus, e porque sei que, de vez em quando, dum qualquer lugar espreitas a ver se me vês a ser cada vez mais eu e cada vez menos outra coisa qualquer. E quando se sabe que se fez tudo que se podia fazer, dorme-se tranquilo. Com o cheiro a terra molhada entranhado em cada sonho que vamos ter enquanto dormimos, pesadamente, como uma criança satisfeita.