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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

♫ Sinal ♫

Tens o dom da palavra certa
Escreves a sal na minha vida
És a melodia que em mim desperta
A paz numa alma ferida

Não sei onde estou agora
Mas sei que não estou sozinho
Sei que há alguém lá fora
Que me embeleza o caminho

Numa vida sem certezas
A mais bela das surpresas
Dá-me um sinal...
Desse amor

Eis que ardo em lume brando
Eis que sinto o doce enleio
Da memória que me vai alucinando
Do fulgor dum peito cheio

Há um ritual sagrado
Há um verbo e um vocativo
Há um sonhar acordado
E um sorriso ilustrativo

Numa vida sem estalagem
A mais doce e terna margem
Dá-me um sinal...
Desse amor

domingo, 9 de dezembro de 2007

Dementiamentis

Feixes de luz vagueiam pelos céus à procura de estrelas que os completem. São intermináveis caminhos que se cruzam entre si como auroras que em catadupa procuram boreais que as determinem, enquanto cá dentro a chama mirra e o ar rareia. São cristais afiados e brilhantes que perdem gume e alastram ao alabastro carcomido duma vida isolada. Surge o desafio de entumescer empertigadamente a demência total, como se o seio são dependesse do toque afoito de um dedo arisco. Creio que me aflige ser são. A honra está em morrer como deve ser. As sepulturas da alma cobrem muito mais do que aquilo que os olhos deixam vislumbrar, e as gavetas em que inserimos as ideias roubadas a outrem começam a ser vasilhas perecíveis e permeáveis. Já não há nada de novo aí. Acreditamos muito mais na saudade do que nunca tivemos do que na esperança que de que o melhor ainda virá. É coisa que só existe na sanidade da nossa demência. Total. Uma vez mais, sem aviso e sem anúncio, anuncia-se avisadamente o retorno à sobriedade e ao retiro discreto. A segurança está em sermos capazes de nos lermos como a um livro que detestamos. Com ávida crítica destrutiva, esperando que alguém mais o leia e construa o que teimamos em desconstruir. Acredito que já fomos mais capazes do que agora. Acredito que já esperamos mais do que esperamos. E acredito que o melhor do que já foi ainda está para vir. E as coisas que nunca são tão más quantos parecem, surgem-nos melhores do que alguma vez foram. Nunca reais, nunca sãs. Mas eternamente miragens do que augura o sonho ilusório duma mente demente.