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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hoje

E hoje, por ser hoje, não escrevo nada deprimente.
Sentir tudo e nada sentir é bem mais que suficiente.


(O blogue morreu. Longa vida ao blogue!
)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Os Olhos da Alma

"Sentei-me no nosso lugar para me poder ver por dentro.
Sabia que podia esperar-te no nosso sítio
de sempre. Sabia porque consegui respirar-te. E enquanto
conseguir respirar-te, mesmo que não seja no nosso lugar,
sei que posso esperar pelos teus olhos que abrem o mundo
e mostram que os instantes duram o tempo que nós
quisermos. Sei que no nosso lugar tu moras no vento
que me beija o lábios, que me afaga o cabelo. Moras na luz
que me faz fechar os olhos e ver os teus olhos,
no indefinido infinito das estrelas. Moras no chão que piso.
Moras nas ervas, nas papoilas, nos malmequeres.
O nosso lugar não tem girassóis, mas, se tivesse, saberia sempre
onde estavas…
E, mais do que tudo o que eu possa ver de fora do nosso lugar,
quando lá estou, vejo que moras em mim.
Só lá posso ver-me por dentro. Só lá me vi por dentro.
Ao som da música das tuas palavras que transbordam
os feitiços da alma.
O nosso lugar é como aquelas caixas de música que
só se tornam bonitas quando abertas. Quem passa e anda,
sem parar para sentir o vento, não vê a alma.
Não vê o amor.
Não vê a música que nasce dos teus olhos.
Sentei-me no nosso lugar para me poder ver por dentro.
Sentei-me no nosso lugar para te poder ver.
Só para fechar os olhos e sentir na minha mão
a tua impressão digital, o teu toque
que abraça a alma."

12 de Julho de 2007

Statisticum Collegium

Um ano.

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Hum.

Ante Diem XI Kalendas Junius

22 de Maio é o 142º dia do ano no calendário - faltam 223 para acabar o ano.

Neste dia, há dez anos, começava a Expo 98.

Neste dia, em 1859, nascia Sir Arthur Conan Doyle.

Neste dia, há 101 anos, nascia Hergé.

Neste dia, em 1919, nascia Eva Péron.

Neste dia, em 1924, nascia Charles Aznavour.

Neste dia, em 1946, nascia George Best.

Neste dia, em 1956, nascia Morrissey.

Neste dia, em 1970, nascia Naomi Campbell.

Neste dia, em 1885, morria Victor Hugo.

Neste dia, desde 1982, comemora-se o Dia do Autor Português.

Neste dia, em 1960, ocorria no Chile o maior terramoto jamais registado.

9,5 na escala de Richter.


Neste dia, há um ano, nascia este blog.

E o Chile passava à história.


Parabéns, OBELISCO DA MEMÓRIA.


segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sofisma

As matizes da alma são contornos alados.

Palavras certas em lábios errados.

Palavras erradas em lábios certos.

A saciedade mora em sonhos despertos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Dianódio

Inventou-se uma palavra nova, que se quis escrever onde faz sentido. No peito sentido de um torpor em riste. Amamos um calhau em riste. Já reparaste? Nunca ninguém na vida entenderá o que é ser templo a coisa nenhuma, porque a vida são dois dias e entre eles houve ontem. Acordado no meio da realidade, banhado em desejos eléctricos de abraços frenéticos, luzes e cores e sombras de amores, sons e encantos e sonhar, eternamente sonhar. Ser o palco do nosso palco, o segredo do medo e a virtude de andar descalço sobre os vidros sem se cortar. Somos humanos, somos ou não somos menos humanos quando o somos? A palavra nova busca o seu significado , procura-se no seu significante, perdeu-se quando o achou. Dá-se o último trago de um cálice incendiado a vapores e óleos perfumados, e restos de mim e do eu em bocados. E é um prazer enorme saber que nada se percebe. São as ondas que levam o sentido, são as ondas que o trarão também. Quando houver mais que dois dias e nenhuma noite no entretanto que se nos espalhe em pleno encanto. Que no nada haja espaço para se entender, e veremos sempre o dia cruzar a fronteira e ir beijar a noite. Porque eu também gosto. E a palavra nova está ai. À procura de si.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Asfalto Vinil

Ultimamente, vejo equívocos inequívocos em toda a parte. Não percebo os ninhos dos passarinhos, faz-me confusão o mar, o céu que desaba ainda mais, e acredito que a terra se desenha à medida do horizonte que se alarga, como se fosse criada apenas naquele instante. Vejo pixelizações de uma realidade envolta na surdina da neblina que gravita entre nós. São imagens, apenas imagens. Repito-o vezes sem fim e adormeço apenas quando acredito. Existe um silêncio que percorre as paredes, os muros, os jardins, os lagos e creio que todos os sítios para além do que sei. Como um tratado de comunhão confortável onde não se fala das dívidas que consomem a alma, ou não a consomem de todo por isso. Sinto que há caminhos que se isolam, que levam a lado nenhum, que giram em círculo indo dar de novo ao si mesmo que é lado nenhum também, e creio que muitas vezes andamos todos nessas estradas sem darmos conta. Porque não queremos dar conta. Porque a esperança se renova na matriz da ilusão que patenteamos com propriedade, como se aquilo que faz do asfalto vinil estivesse fora de nós, e não fossem culpa nossa as rotações que infinitamente damos em redor do mesmo cadafalso. A intermitência das nuvens há-de deixar ver além dos equívocos inequívocos que não sei, mas que adivinho quando me sorriem a medo. E há-de deixar que o silêncio pereça, como um fruto débil num chão caído e árido. Como regatos de relva sulcando prados de água, onde não sabemos onde estamos, mas estamos onde sabemos. Um dia de cada vez, é como se faz o luto das coisas que nunca morrem e que nunca nos deixam. Em paz.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Lei I

Anima-te por teres de suportar as injustiças.
A verdadeira desgraça consiste em cometê-las.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Planisfério Epidural

Quis escrever no vazio
para encher o vácuo 
com algo que mais que o nada.


Sinto-me sem sentidos perante a imensidão
duma escravidão provocante
e eis que me sento perante o deleite
dessa mesa fastidiosa. 


As palavras saem feito murmúrios insignificantes
contra a parede das masmorras 
que cresceram à nossa volta. 


Há algo de verdadeiramente triste 
no vigor duma lágrima rubra 
que jamais tocou o solo árido 
da tua terra. 


São avelãs aveludadas
que jamais crescerão empertigadas
ao sabor do topázio dos açucares
que trazemos nos bolsos do olhar.


Espelhados no frondoso beiral do pomar, 
havemos de sorrir e mastigar 
a mendicidade da brisa que nos açoita. 


Não sei o que significa este segundo
em que padeço de mim próprio. 


Apenas sei que baloiço em consonância
quase perfeita com o bailar das folhas 
e o serpentear dos aromas, 
e nisto sei que sou daqui, 
que pertenço ao tédio do remédio 
que me consola a calma da alma. 


E ao arder devagar, 
neste brando costume 
de ser não mais que sibilante lume, 
é onde me vejo, inquietamente quieto, 
de mãos suadas e peito em pó. 


Como se o mundo mais não fosse
que meras cicatrizes 
do que dizes.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mensagem

Nada me dizeis, senhor...
Meus olhos serão igualmente a vossa manta,
Mas meu corpo moribundo dormirá ao frio...
Que desmesurado sacrilégio vos terei feito, cavaleiro?
Para receber de fortuna o eco do silêncio das palavras
Que não dizeis, na noite que cai na alma
De quem só pede um pequeno lampejo de vossa misericórdia...



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Finisterra

Em tempos idos, pesadelos dourados a prata era tudo o que tinha a favor dos ventos de veludo e das marés de cetim em que me deitei. Enriquecida, ou antes embrutecida nos favores dos deuses, não há chancela que purifique o que a alma não ratifica como sendo sua. Queremos todos ser aquilo que nunca desejamos, porque o promontório tido como final reside na importância do ideal que concretizamos, e nunca do que idealizamos concretizar. São verdadeiros guetos repletos de féretros inertes e insolúveis pela teimosia das palavras que me cobrem que nem mantas. Não sei se gostaria de um dia ser um deles. Mas confesso que sorrio perante a ideia da hora em que, sem dúvida, os sonhos banhados a latão em que me imagino a ser quem sou, tornar-se-ão algo mais que meros cúmplices da minha insana existência. Atrás daquela porta que nunca ninguém ousa fechar, seremos sempre uma cama de dossel enferma pelo micróbio insensato da adoração. Soa a um voraz silêncio o vazio erudito das coisas que nunca sairão da boca que se cala porque quis falar. E soa a eternidade a grandeza dum coração que fraqueja porque sabe que nunca irá adormecer de fraqueza. Resguarde-se o tempo deitando-se em minha cama, que a sua idade há-de ser sempre pouca face ao que sentem almas (e corações) assim.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Clausura Prematura

Muitas vezes damos conta de que somos meros bonecos manietados por cordéis que nos ultrapassam e nos esmagam por completo. Olhamos em redor e não vemos ninguém que nos acuda ou impeça o trespasse do cinzel em bisel que nos perscruta o cérebro em surdina. Custa sempre muito mais acreditar que alguma vez o que sonhamos foi realidade, e que dominamos toda a dimensão do nosso ser, até mesmo o volume maligno da nossa mala desfeita em cima da cama. Estamos sempre preparados para sermos infelizes na miséria de não conseguir olhar acima de onde nos encontramos. E nessas ruas perdidas e transviadas, é onde sei que encontrarei a resposta para a maior de todas as dúvidas. Porque as coisas não se fazem por acaso, nem se deixam ao acaso. Porque nada arde mais que isto. Portas que se fecham e outras que se abrem, mas que não sabemos onde levam, enquanto estamos ainda de olhos habituados ao mar. E sentir e mostrar que se sente nunca é desperdício de tempo, excepto quando descobres que é. Mantemo-nos vivos respirando ares medíocres de ventos abafados e alimentando o nosso frágil corpo com promessas de promessas melhores. E porque teremos de estar como havemos de merecer então. Felizes na ideia de que somos felizes na exacta medida que deviamos ser. No fundo, o que importa é o valor incomensurável do silêncio. E como ele há-de falar melhor do que qualquer inútil palavra na inutilidade duma boca que se curva como o turvo, turvo horizonte que desenho no lugar onde não sei de ti.