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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Clausura Prematura

Muitas vezes damos conta de que somos meros bonecos manietados por cordéis que nos ultrapassam e nos esmagam por completo. Olhamos em redor e não vemos ninguém que nos acuda ou impeça o trespasse do cinzel em bisel que nos perscruta o cérebro em surdina. Custa sempre muito mais acreditar que alguma vez o que sonhamos foi realidade, e que dominamos toda a dimensão do nosso ser, até mesmo o volume maligno da nossa mala desfeita em cima da cama. Estamos sempre preparados para sermos infelizes na miséria de não conseguir olhar acima de onde nos encontramos. E nessas ruas perdidas e transviadas, é onde sei que encontrarei a resposta para a maior de todas as dúvidas. Porque as coisas não se fazem por acaso, nem se deixam ao acaso. Porque nada arde mais que isto. Portas que se fecham e outras que se abrem, mas que não sabemos onde levam, enquanto estamos ainda de olhos habituados ao mar. E sentir e mostrar que se sente nunca é desperdício de tempo, excepto quando descobres que é. Mantemo-nos vivos respirando ares medíocres de ventos abafados e alimentando o nosso frágil corpo com promessas de promessas melhores. E porque teremos de estar como havemos de merecer então. Felizes na ideia de que somos felizes na exacta medida que deviamos ser. No fundo, o que importa é o valor incomensurável do silêncio. E como ele há-de falar melhor do que qualquer inútil palavra na inutilidade duma boca que se curva como o turvo, turvo horizonte que desenho no lugar onde não sei de ti.