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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Finisterra

Em tempos idos, pesadelos dourados a prata era tudo o que tinha a favor dos ventos de veludo e das marés de cetim em que me deitei. Enriquecida, ou antes embrutecida nos favores dos deuses, não há chancela que purifique o que a alma não ratifica como sendo sua. Queremos todos ser aquilo que nunca desejamos, porque o promontório tido como final reside na importância do ideal que concretizamos, e nunca do que idealizamos concretizar. São verdadeiros guetos repletos de féretros inertes e insolúveis pela teimosia das palavras que me cobrem que nem mantas. Não sei se gostaria de um dia ser um deles. Mas confesso que sorrio perante a ideia da hora em que, sem dúvida, os sonhos banhados a latão em que me imagino a ser quem sou, tornar-se-ão algo mais que meros cúmplices da minha insana existência. Atrás daquela porta que nunca ninguém ousa fechar, seremos sempre uma cama de dossel enferma pelo micróbio insensato da adoração. Soa a um voraz silêncio o vazio erudito das coisas que nunca sairão da boca que se cala porque quis falar. E soa a eternidade a grandeza dum coração que fraqueja porque sabe que nunca irá adormecer de fraqueza. Resguarde-se o tempo deitando-se em minha cama, que a sua idade há-de ser sempre pouca face ao que sentem almas (e corações) assim.

3 comentários:

Anónimo disse...

www.isaego.blogs.sapo.pt

IpsaEgo disse...

Hoje entendo-me mal com máquinas...
www.ipsaego.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

O lado intimista das palavras passou a ganhar contornos duma seriedade amadurecida...diferente...tlvez mais serena ou racional, não sei...

:P