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domingo, 9 de dezembro de 2007

Dementiamentis

Feixes de luz vagueiam pelos céus à procura de estrelas que os completem. São intermináveis caminhos que se cruzam entre si como auroras que em catadupa procuram boreais que as determinem, enquanto cá dentro a chama mirra e o ar rareia. São cristais afiados e brilhantes que perdem gume e alastram ao alabastro carcomido duma vida isolada. Surge o desafio de entumescer empertigadamente a demência total, como se o seio são dependesse do toque afoito de um dedo arisco. Creio que me aflige ser são. A honra está em morrer como deve ser. As sepulturas da alma cobrem muito mais do que aquilo que os olhos deixam vislumbrar, e as gavetas em que inserimos as ideias roubadas a outrem começam a ser vasilhas perecíveis e permeáveis. Já não há nada de novo aí. Acreditamos muito mais na saudade do que nunca tivemos do que na esperança que de que o melhor ainda virá. É coisa que só existe na sanidade da nossa demência. Total. Uma vez mais, sem aviso e sem anúncio, anuncia-se avisadamente o retorno à sobriedade e ao retiro discreto. A segurança está em sermos capazes de nos lermos como a um livro que detestamos. Com ávida crítica destrutiva, esperando que alguém mais o leia e construa o que teimamos em desconstruir. Acredito que já fomos mais capazes do que agora. Acredito que já esperamos mais do que esperamos. E acredito que o melhor do que já foi ainda está para vir. E as coisas que nunca são tão más quantos parecem, surgem-nos melhores do que alguma vez foram. Nunca reais, nunca sãs. Mas eternamente miragens do que augura o sonho ilusório duma mente demente.

3 comentários:

Anónimo disse...

ficam-me curtas as palavras com tao grandioso texto...
na verdade poderia refleti-las infindaveis horas...
A alma é espelho da mente, e nada aqui é locura, efemeridade , ou vazio... talvez poesia sim ou filosofia ( depende d k pessoas a keiram defenir ou tentar compreender)

tens dom da palavra ou talvez a demencia delas... mas isso nao me cabe a mim julgar ou defenir .
so espero k nao tomes nunca como lokas tuas inspiraçoes ou vivacidades.

despeço-me com carinho
uma amiga

Anónimo disse...

"E acredito que o melhor do que já foi ainda está para vir. E as coisas que nunca são tão más quantos parecem, surgem-nos melhores do que alguma vez foram."

Só com um bocadinho de demência somos capazes de fazer o nosso "périplo pelo deserto", de maneira a ver os oásis-miragem que fazem tudo valer a pena.
Ser demente é ser capaz de ser feliz,só um demente é capaz de arriscar tudo que é pelo que quer ser, pelo que quer sentir - abrir asas num céu mais alto, mais longe...
A mãe do Forrest Gump dizia que a vida era uma caixa de chocolates, eu digo que a vida é uma caixa de Pandora que temos que abrir para domesticar os demónios da nossa alma. Só eles sabem, ironicamente, o caminho para um amanhã melhor; só eles nos podem ensinar a viver com a nossa mente demente...!

uso um vocativo na despedida...

cuida-te
kisses kisses
Marta

Anónimo disse...

Finalmente:) a provar q todas as esperas valem a pena...

(volto para comentar:P)