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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Asfalto Vinil

Ultimamente, vejo equívocos inequívocos em toda a parte. Não percebo os ninhos dos passarinhos, faz-me confusão o mar, o céu que desaba ainda mais, e acredito que a terra se desenha à medida do horizonte que se alarga, como se fosse criada apenas naquele instante. Vejo pixelizações de uma realidade envolta na surdina da neblina que gravita entre nós. São imagens, apenas imagens. Repito-o vezes sem fim e adormeço apenas quando acredito. Existe um silêncio que percorre as paredes, os muros, os jardins, os lagos e creio que todos os sítios para além do que sei. Como um tratado de comunhão confortável onde não se fala das dívidas que consomem a alma, ou não a consomem de todo por isso. Sinto que há caminhos que se isolam, que levam a lado nenhum, que giram em círculo indo dar de novo ao si mesmo que é lado nenhum também, e creio que muitas vezes andamos todos nessas estradas sem darmos conta. Porque não queremos dar conta. Porque a esperança se renova na matriz da ilusão que patenteamos com propriedade, como se aquilo que faz do asfalto vinil estivesse fora de nós, e não fossem culpa nossa as rotações que infinitamente damos em redor do mesmo cadafalso. A intermitência das nuvens há-de deixar ver além dos equívocos inequívocos que não sei, mas que adivinho quando me sorriem a medo. E há-de deixar que o silêncio pereça, como um fruto débil num chão caído e árido. Como regatos de relva sulcando prados de água, onde não sabemos onde estamos, mas estamos onde sabemos. Um dia de cada vez, é como se faz o luto das coisas que nunca morrem e que nunca nos deixam. Em paz.

1 comentário:

IpsaEgo disse...

Hoje não vou escrever um comentário maior que o post. Vou só dizer que nunca vamos perceber as coisas, que a confusão é algo tão intrínseco como a vontade de saber a verdade, mesmo alimentando essas ilusões para que o asfalto não pareça interminavelmente em vão.

A paz...essa encontraremos no dia em que soubermos como tonar as todas as coisas dotadas de sentido. Muito complicado, estipuda e ridiculamente complicado...


Um abraço amigo


Marta