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sábado, 1 de setembro de 2007

Mel(ancolia)

Tranquei as portas da minha mente, porque estes são espaços em que mais ninguém vai entrar. Por hoje. Não sei mais como irão sair as ideias, as respostas e as perguntas, se as fecho comigo, se as quero à solta na clausura que há em mim. Sei apenas que as ondas, a chuva e o céu terão de se cumprir na mesma sem que eu esteja lá para testemunhar. Sonho com o dia em que reduzirei as necessidades ao pó da estrada que ficar para trás dos meus passos. Não pode haver uma só raiz que impeça quem nos arranque à terra, mas será sem dúvida tão belo como o sangue que corre uma nova veia que nunca havia explorado. Porque te vejo na vida que quero para mim. Porque eu conheço a tela em que pinto os retratos da minha vida, como se fossem inquebrantáveis pétalas do mais lindo malmequer, e sei que esta é uma imagem nova, e como isso é sempre sedutor. Se há algo em que vale a pena confiar, é em quem confia em nós. Costumava haver um tempo em que era muito mais fácil darmo-nos, e com isso recebermo-nos. São coisas que julgamos perder até as acharmos no mais fundo dos bolsos. É no fundo a saudade dum tempo por vir, e julgo que nada é tão único como o começo de todas as coisas. Amanhã, será o início dum novo ciclo, os mesmos degraus onde tropeçamos estarão lá, já os sabemos de cor, e de certeza que cairemos de novo perante eles, se nos aprouver, porque a dor é uma coisa engraçada, que nos atrai tanto como atraiçoa. As quedas nunca são iguais, como a esperança também não o é. Somos no fundo seres voláteis à nossa própria volatilidade. Constantemente mentimos a nós mesmos, prostituindo a nossa mente ao deleite insano do coração. De qualquer modo, sei que posso voar se assim quiser, porque as asas estão aqui. Só não vamos onde não queremos, e uma força muito maior do que nós deixará sempre que pensemos que coube a nós toda a escolha. Porque as estradas estão aí para caminhar, e ainda há muito sal de lágrimas para provar, muitas velas por soprar, muitos livros por escrever, e muitos amigos por fazer. Vidas novas nas quais possamos viver a morte de outras. Não é?

3 comentários:

Anónimo disse...

:) um sorriso... com uma lagriminha a escapar... é tudo quanto apetece (acontece) perante este texto... OBRIGADA!!!!!!!!!!!

Reconheço-me e mais doq isso, a rosa dos ventos funcionou:p

Será que repetir o meu OBRIGADA poderá exprimir tudo que senti ao ler... espero que sim... :) outro sorriso... outra lagriminha a escapar...

patricia disse...

Ele era pintor
e tinha só uma tela
branca
brinca primeiro
com as cores
com os efeitos depois

Imagens se formam
algumas enevoadas
outras nítidas

Camadas se sobrepõem
outras se sobpõem

tentou apagar
a tinta do fundo
esfregou
e fez buraco

Tapou?
sim com papel atrás
letras à frente
flores à volta
e caroço dentro

agora é só colher
o doce fruto
e provar

não é?

***

Anónimo disse...

Não somos nada, sem felicidadeSe considero quanto me custa a ideia de deixar a vida, devo ter sido mais feliz do que pensavaA sorte é um acaso, a felicidade uma vocaçãoA felicidade é saber o que se quer e querê-lo apaixonadamenteA felicidade não consiste em fazer o que gostamos, mas em gostarmos do que fazemosÉ preciso tentar ser feliz, nem que seja apenas para dar o exemploA felicidade é simplesmente uma questão de luz interiorCreio que a felicidade existe. A prova está em que, de repente, ela não existeSó são verdadeiramente felizes aqueles que procuram ser úteis aos outros A amizade é um contrato segundo o qual nos comprometemos a prestar pequenos favores para que no-los retribuam com grandesÉ mais vulgar ver um amor absoluto do que uma amizade perfeitaOs homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigosToda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicadaConvém tratar a amizade como os vinhos, desconfiando das misturasNão há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um desertoQuando o meu amigo está infeliz, vou ao seu encontro; quando está feliz, espero por eleA amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se (é uma virtude)A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizadesO amigo de toda a gente só é amigo de si próprioA amizade que acaba nunca principiouA ave constrói o ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizadeSó nos apercebemos do valor dos nossos amigos no momento em que surge a ameaça de os perderNão há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novoHá quatro espécies de amigos que o são sinceramente: o que ajuda, o que permanece igual na prosperidade e no infortúnio, o que dá um bom conselho e o que tem uma simpatia real por nós.Mais prudente do que o amor, a amizade dispensa os juramentos.Só aquele que sabe amar é feliz.