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domingo, 17 de junho de 2007

Pequenas ilhas

Abro os olhos e é hoje. Não vou mais negar a opacidade do meu olhar quando a cegueira me turva olhar e mente. Por aqui não há-de ser o caminho, mas vários alguéns o vão seguir na mesma, e vão correr, e sorrir, e encontrar significados nas minhas coisas insignificantes, porque é assim que é a coisa mais engraçada na vida das pessoas. Há-de haver alguém que queira tudo mudar para que tudo fique na mesma, como no início, quando queria que tudo não tivesse fim e fosse apenas o princípio. Não há penitência que absolva o demérito das folhas que nunca quis escrever, porque lhes falta leitura. Ainda é preciso acreditar na mentira que a realidade nos oferece como beijos, porque assim estamos certos de acordarmos sempre primeiro que toda a gente. Porque quando chover, saberás muito depois de mim. Porque quando fizer sol, estarás a gozá-lo e eu não. Ninguém precisa entender a efemeridade eterna das palavras, porque elas só fazem sentido enquanto fazem sentido. Têm um prazo de validade que nunca passa até ter passado. E os lugares em que crescemos em gravitação para além de nós são pequenas ilhas, em que fora delas não somos o que éramos dentro delas. Feliz de quem captura essas pedaços de terra para si em permanência. Porque tudo é em vão. Não há veia que pulse eternamente á espera do plasma que escolheu o caminho forçado pela lâmina. Que estupidez. Ainda hoje ninguém conseguiu explicar. E inventam-se respostas inventadas para perguntas que não deviam ser perguntadas. Sem noção de que se deve ter noção das coisas. No fim, alguém há-de perceber. E eu hei-de ir pelo caminho de onde vieste. Para saber, pulsar, crescer, capturar. Porque ainda sei o que é saber lembrar. Para que nunca jamais em tempo algum sejam esquecidas as pequenas ilhas em que gravitamos, na Primavera primaveril da existência de todas as coisas.
E depois ainda há sempre alguém que diz: Não digas mais asneiras por hoje.

8 comentários:

Unknown disse...

Eu gosto de pequenas ilhas. Só me apercebo que estive numa quando quando me dou conta que já não estou a ir por onde quero ir e já não estou onde queria estar. E já nada voltará a ser como era antes.

* misty * disse...

para mim pequenas ilhas são essas coisas insignificantes às quais damos significados. e esses guardamos só para nós. ilhas onde somos mais daquilo que fomos outrora exactamente da forma que sempre gostaríamos de ter sido. onde fazemos o que sempre queríamos, sem receio de fazer da maneira certa. porque o tempo e o espaço escapam às nossas vontades, sempre. há-de ser sempre assim pois nunca controlaremos o mundo e os Homens. então essas ilhas perdem-nos e prolongam-nos em mil ecos de nós próprios porque nos fazem sentir vivos, porque aí nos sentimos mais reais. sem o marasmo do dia-a-dia, sem as regras que a todos nos erguem e a todos sufocam. é isso. pequenas ilhas. não serão elas que realmente importam?


sim, apeteceu-m divagar, não sei porquê... a culpa é do que escreveste, que está fantástico. um dia ainda hei-de conseguir escrever assim. por agora leio e aprendo :)

Anónimo disse...

Não quero ser abusiva com tantos comentários e se calhar até algo despropositados, mas o universo virtual permite-nos estas terapias. Enfim... “Abro os olhos e é hoje”, quando comecei a ler este post, esta frase fez-me logo rir e pensar: este é crente!! Ahahahah Não por ti, claro, que eu nem conheço (aliás trato por tu na esperança que não haja problema, avante..) mas é que, de facto, os “é hoje” tornaram-se um constante falhanço na minha vida, então quando os sinto presentes em alguém apetece-me alertar: “amigo aguenta-te, sei que isto dói, mas.... é que... amanhã... também vais dizer afirmativamente: “é hoje”... e... já que estamos numa de sinceridade... eh pah... não sei se deva dizer isto mas... há uma grande probabilidade de se repetir depois de depois de amanhã num ciclo vicioso...

Pronto, não resisti... vou regressar à leitura do post e prometo não comentar mais (o que tendo em conta os meus “é hoje” fracassados, uma promessa pode valer muito pouco), farei um esforço por me limitar á leitura sem intervir.

Já agora, escreves mesmo!! Não me mentiram, confirma-se!!

Mel

Anónimo disse...

Estou deprimida... raios! Isto de ver as verdades chapadas num blog onde fomos parar por simpatia a uma amiga, uau!

Aliás, agora tenho mais uma razão para reforçar a depressão: confirma-se o fraco autodominio, falhei a promessa!! Nada de surpreendente.......

Mel

Anónimo disse...

P.S Joaninha... quem me dera partilhar do teu "eu gosto de pequenas ilhas", infelizmente comigo nunca se conjugam no presente, eu gostava sempre delas ou gostarei.Pois, estou a ser repetitiva, a questão do tempo. Aliás "repetitiva" nesse contexto até se torna irónico...

Mel

Vaskio disse...

Depende sempre de quão a sério levas os teus "é hoje", e depende muito mesmo do meu "é hoje" que aqui escrevi. Não duvides que aquilo que a determinação determina, pode ser fácil de alcançar. Não estamos condenados à escuridão. As ilhas estão lá, só temos de as achar. E se escrevo... também é para que leiam. :)

Anónimo disse...

“Foi mais um dia e tu nada fizeste
Um dia a mais tu pensas que nao faz mal
Vem outro dia e tudo se repete
E vais deixando ficar tudo igual

(...)

Foi mais um dia e tu nada viveste
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Entao tu queres mas é tarde demais”

Levo-os a sério, eles é que não me levam a mim;)

Anónimo disse...

Já agora escreve mais para continuarmos a ler:) :) :)