Foste abrir a persiana e está sol. Esperas. Pensas que hoje a praia vem até ti. Esperas. Assim ela queira. Esperas. Comes tostas de alho e salsa com manteiga. Esperas. São deliciosas, tens de te lembrar de não comer mais isso, porque o teu estômago lhes faz mal. Esperas. Crês que álcool por esta altura também ditará o rumo do dia. Esperas. Haja esperança nisso também. Esperas. Diga-se que a manteiga podia estar mais vergada ao peso da lâmina. Esperas. Os teus dentes já não são o que eram. Esperas. Se alguma vez foram o que eram. Esperas. Vislumbras o teclado cheio de gordura. Esperas. Sorris. Esperas. Há sempre uma alegria estranha no descobrir das asneiras que fazes. Esperas. Excepto quando são daquelas mesmo irremediáveis. Esperas. Conheces gente que nem assim. Esperas. Interrompeu-se o teu pensar. Interrompeu-se o teu esperar. Já não tens de pensar. Já não tens de esperar. Estás aqui.
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5 comentários:
Esperas remédios. Desesperas. Esperas consertos. Desesperas. Esperas que os dentes se unam para deixar a língua articular palavras. Desesperas. A língua está queimada pela manteiga da lâmina. Desesperas. Abres a janela. Desesperas. Vês o sol e sentes a brisa da praia. Desesperas. Pelo mergulho no mar.
***
O desespero da espera pode ser tão saboroso...
Agora, gordura no teclado...? hum.
Deveras desesperante.
Depois de tanto esperar já não encontro alegria no descobrir das asneiras que faço. Depois de tanto esperar, agora que ainda espero, são mesmo asneiras e isso aumenta, consideravelmente, o peso de me suportar.
Mel
Não há asneira alguma que alguma vez aumente o peso de nos suportar, porque esse peso existe desde o dia em que nos esquecemos de o suportar e julgamos que não estamos aqui a fazer nada.
Muito perspicaz... inibe qualquer comentário... (uau!)
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